Dia 17: Maria, auxílio no tribunal divino!
Meditação:
Quando
uma alma está para sair desta vida, diz Isaías, se conturba o inferno todo e
manda os demônios mais terríveis a tentá-la antes de sair do corpo e depois
acusá-la, quando se apresentar ao tribunal de Jesus Cristo. “O inferno via-se
lá embaixo à tua chegada todo turbado, e diante de ti levanta gigantes” (Is 14,9).
Mas Ricardo diz que os demônios, em se tratando de uma alma patrocinada por
Maria, não terão atrevimento, nem ainda para acusá-la. Pois sabem muito bem que
o Juiz nunca condenou, nem condenará jamais, uma alma patrocinada por sua
grande Mãe. S. Jerônimo escreve à virgem Eustóquio que Maria não só socorre
seus amados servos na sua morte, mas também os vem esperar na passagem para a
eternidade, a fim de os animar e de os acompanhar até o tribunal divino. Ó dia
esse, exclama o Santo, em que a Mãe de Deus, rodeada de muitas virgens, há de
vir ao teu encontro! E isto se conforma com que a mesma Santíssima Virgem disse
a S. Brígida, referindo-se a seus devotos moribundos: Na hora da morte dos meus
servos eu venho, como Senhora e Mãe amantíssima deles, e lhes trago consolo e
alívio. Ajunta S. Vicente Ferrer que a bem-aventurada Virgem recebe as almas
dos que morrem. Nossa amorosa Rainha acolhe sob seu manto as almas dos seus
servos, apresenta-as ao Filho que as deve julgar e obtém-lhes a salvação. Foi o
que aconteceu a Carlos, filho de S. Brígida. Morrera na perigosa carreira de
soldado, longe da mãe, que por isso mesmo muito temia pela salvação dele. Mas a
Santíssima Virgem revelou-lhe que Carlos se havia salvo, pelo grande amor que
lhe consagrava, razão por que ela própria o assistira na última hora,
sugerindo-lhe todos os atos cristãos necessários no momento. Ao mesmo tempo,
viu a Santa Jesus Cristo no trono, e viu também que o demônio lhe apresentou
duas acusações contra a Santíssima Virgem. Era a primeira que Maria lhe tinha
impedido de tentar o moribundo; a segunda, que ela mesma havia apresentado ao
Juiz a alma de Carlos e assim a salvara, sem lhe permitir alegar nem ainda os
direitos que ele, demônio, possuía. Seus vínculos são uma atadura de salvação –
e nela acharás tu no fim o teu descanso (Eclo 6, 29, 31). Feliz de ti, meu
irmão, se na hora da morte te achares preso pelas doces cadeias do amor à Mãe
de Deus. Como cadeias de salvação, esses vínculos te assegurarão a tua eterna
bem-aventurança, e te farão gozar na morte aquela paz bendita, que será
princípio da paz e do repouso eterno. Refere o Padre Binetti, no seu livro “A
perfeição”, que assistindo ele um grande devoto de Maria à hora da morte, o ouviu
dizer antes de expirar: “Ó meu padre, se soubésseis quanto contentamento sinto
por ter sido servo da Santíssima Mãe de Deus! Não sei explicar a alegria que
sinto neste instante”! Tinha o padre Suárez muita devoção a Nossa Senhora e
costumava dizer que trocaria sua ciência pelo valor de uma Ave-Maria. Ao
morrer, tanta lhe era a alegria, que exclamou: Nunca imaginei que fosse tão
suave o morrer! O mesmo contentamento e alegria sentirás também tu, devoto
leitor, se na hora da morte te recordares de haver amado a esta boa Mãe, a qual
não sabe deixar de ser fiel com seus filhos, que foram fiéis em servi-la e em
obsequiá-la, visitando-lhe as imagens, rezando o rosário, jejuando,
rendendo-lhe graças com frequência, louvando-a e encomendando-se a seu poderoso
patrocínio. Não te privará desta consolação a lembrança de teus pecados passados,
se de hoje em diante cuidares em viver como bom cristão, servindo a tão grata e
benigna Senhora. Verdade é que o demônio há de vir com angústias e tentações
para levar-te ao desespero. Mas a Virgem te confortará; virá em pessoa te
assistir na hora da morte, como fez a Adolfo, conde de Alsácia. Deixara ele o
mundo e entrara para a Ordem dos Franciscanos, onde se tornara, como rezam as
Crônicas, um grande servidor de Maria. Estando para morrer, ao pensar no rigor
do juízo divino, começou a tremer perante a morte, cheio de receios sobre a sua
salvação. Então Maria, que não dorme nas angústias de seus servos, acompanhada
de muitos santos, se apresentou ao moribundo e animando-o lhe disse: Meu caro
Adolfo, por que tens medo da morte? Porventura não me pertences? Com estas
palavras o servo de Maria se consolou, desaparecendo todos os seus temores e
expirou em santa paz e contentamento. Eia, pois, animemo-nos nós também. Ainda
que sejamos pecadores, tenhamos confiança que Maria há de vir assistir-nos na
hora da morte, consolando-nos com sua presença, se a servirmos com amor durante
os dias que ainda nos restam no mundo. Nossa Rainha prometeu um dia a S.
Matilde que havia de vir assistir, à hora da morte, todos os seus devotos que a
servissem fielmente em vida. Que consolação, ó meu Deus, não será a nossa,
quando no último momento da nossa vida, tão decisivo para a causa da nossa
salvação, virmos ao pé de nós a Rainha do Céu, assistindo-nos e consolando-nos
com a promessa de sua proteção! Inumeráveis exemplos da assistência de Maria a
seus servos moribundos, além dos já citados, vêm narrados em vários livros.
Esse favor foi concedido a S. Félix de Cantalício, capuchinho, a S. Clara de Montefalco,
a S. Teresa, a S. Pedro de Alcântara. Conta o padre Crasset que S. Maria
Ognocense viu a Santíssima Virgem à cabeceira de uma devota viúva de Villembroc,
que ardia em febre; e viu-a consolando a doente, refrigerando e aliviando-a em
sua febre. Fechemos este capítulo com um novo exemplo que fala do terno amor
desta boa Mãe para com seus filhos na hora da morte. (Santo Afonso de Ligório)
Oração:
Ó minha Mãe suavíssima,
qual será a morte de um pobre pecador como eu? Quando penso naquele terrível
momento em que hei de expirar e comparecer ao tribunal divino, tremo e fico
todo confuso, e muito duvido da minha salvação eterna, lembrando-me de que eu
mesmo escrevi a sentença de minha condenação. Ó Maria, no sangue de Jesus e na
vossa intercessão ponho toda a minha esperança. Sois Rainha do céu, a Soberana
do universo, numa palavra, sois Mãe de Deus. É verdade que sois muito elevada
em dignidade; mas vossa grandeza não vos afasta de nós, senão que faz com que
tenhais ainda mais compaixão de nossas misérias. Quando elevados a alguma
dignidade, abandonam os amigos do mundo e desprezam seus antigos companheiros
no infortúnio. Mas vosso coração tão amoroso não procede assim. Mas se empenha
em aliviar, onde maiores misérias descobre. Assim que vos invocamos, vindes em
nosso socorro: prevenis até nossas preces com vossos favores. Vós nos consolais
nas aflições, dissipais as tempestades e venceis os inimigos. Em suma, nunca
perdeis ensejo de trabalhar para nosso bem. Bendita seja para sempre aquela
divina mão que em vós aliou a tanto amor tanta grandeza, tanta majestade e
tanta ternura. Agradeço-o sem cessar ao Senhor e sobre isso me alegro. Pois em
vossa felicidade encontro a minha também e considero minha a vossa ventura. Ó
consoladora dos aflitos, consolai uma alma aflita que a vós se recomenda.
Aflito estou por causa dos remorsos de uma consciência tão sobrecarregada de
pecados. Não sei se os tenho chorado como devia. Vejo todas as minhas obras cheias
de defeitos e manchas. O inferno só espera por minha morte para acusar-me; a
justiça divina ultrajada quer ser satisfeita. Que será de mim, minha Mãe? Se não
me ajudardes, estou perdido. Que dizeis, quereis ajudar-me? Ó Virgem piedosa,
consolai-me; obtende-me verdadeiro arrependimento de meus pecados, alcançai-me
força para emendar-me e ser fiel a Deus nos dias que ainda me restam. E quando
eu me achar nas ânsias da morte, ó Maria, esperança minha, não me abandoneis.
Então, fortalecei-me mais do que nunca e assisti-me para que, à vista de meus
pecados relembrados pelo demônio, eu não me entregue ao desespero. Ó Senhora
minha, escusai tanta ousadia: vinde vós mesma consolar-me com a vossa presença.
A tantos outros já tendes feito semelhante graça. Fazei-a também a mim. Se
grande é minha ousadia, ainda maior é vossa bondade, que anda procurando os
infelizes para os consolar. É nesta que eu ponho minha esperança. Seja vossa
eterna glória o haverdes salvo do inferno e conduzido ao vosso reino um pobre
condenado. Lá espero depois consolar-me, estando sempre aos vossos pés,
dando-vos graça, louvando-vos e amando-vos eternamente. Ó Maria, eu espero em
vós; não me deixeis ficar desconsolado. Assim seja, assim seja. Amém.
-Pedir
a graça que deseja alcançar e rezar o Santo Terço ou Rosário-
Votos:
- Fazer exame de Consciência ;
- Meditar o Evangelho do dia;
"Vós sobre os Anjos sois purificada;
de Deus à mão direita
estais de ouro ornada. Por Vós, Mãe de graça,mereçamos ver a Deus nas alturas, com todo prazer." |
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