Dia 16: Maria nosso conforto na morte!
Meditação:
“Aquele
que é amigo o é em todo tempo; e nos transes apertados conhece-se o irmão” (Pr
17,17). Os amigos verdadeiros e os verdadeiros parentes não se conhecem no
tempo de prosperidades, mas sim no das angústias e das desventuras. Os amigos
do mundo não deixam o amigo, enquanto está em prosperidade. Mas o abandonam
imediatamente, se lhe acontece uma desgraça ou dele se avizinha a morte. Tal
não é o procedimento de Maria com seus devotos. Nas suas angústias e
especialmente nas da morte, que de todas são as piores, essa boa Senhora e Mãe
não abandona seus fiéis servos. Como é nossa vida no tempo do nosso degredo,
assim também quer ser a nossa doçura no tempo da morte, obtendo-nos um suave e
feliz trânsito. Desde aquele dia em que teve a dor e juntamente a felicidade de
assistir à morte de Jesus, seu Filho, cabeça dos predestinados, obteve também a
graça de assistir na morte todos os predestinados. Por isso a Santa Igreja
manda rogar à bem-aventurada Virgem: Rogai por nós, pecadores, agora, e na hora
de nossa morte. Muito e muito grandes são as angústias dos pobres moribundos,
já pelos remorsos dos pecados cometidos, já pelo horror do próximo juízo, já
pela incerteza da salvação eterna. É então que o inferno lança mão de todas as
armas e empenha todas as reservas para ganhar aquela alma que passa para a eternidade.
Bem sabe que pouco tempo lhe resta para obtê-la e que para sempre a perde, se
então lhe escapar. “O demônio desceu a vós cheio de uma grande ira, sabendo que
lhe resta pouco tempo” (Ap 12,12). Costumado a tentá-la durante a vida, não se
contenta de ser ele só que a tenta na morte, mas chama companheiros para o
ajudarem. “Encher-se-ão as suas casas (de Babilônia) com dragões” (Is 14,21). Quando
alguém está para morrer, entram-lhe pela casa os demônios que à porfia tentam
perdê-lo. De S. André Avelino conta-se que, estando para morrer, vieram muitos demônios
para tentá-lo. E de tal modo investiram contra ele, que deixaram horrorizados
aos bons religiosos que o estavam assistindo. Viram eles que ao Santo se lhe
inchou com grande agitação o rosto, de tal sorte que se fez de todo negro.
Viram-no tremer e debater-se. De seus olhos corriam lágrimas e violentos lhe
eram os movimentos da cabeça. Tudo sinais da horrível peleja que lhe dava o inferno.
Os religiosos choravam de compaixão, redobravam de orações e tremiam de pavor,
vendo que assim morria um Santo. Mas consolavam-se em ver que o Santo repetidas
vezes movia os olhos para uma devota imagem de Maria, como quem procurava o seu
socorro. Vinha-lhes à lembrança a frase na qual ele afirmara que a Mãe de Deus
havia de ser o seu refúgio na hora da morte. Enfim, foi Deus servido que
terminasse aquele combate com uma gloriosa vitória. Cessadas as convulsões do
corpo, desinchado e tornado o rosto à sua cor antiga, viram-no, de olhos
tranquilamente fixos naquela imagem, fazer uma devota inclinação a Maria (a
qual se crê que então lhe apareceu), como em ação de graças, e expirar
placidamente nos braços da Mãe de Deus, tendo no rosto a transfiguração dos
eleitos. Ao mesmo tempo uma religiosa capuchinha, agonizante, voltou-se para as
que a assistiam e lhes disse então: Rezai a Ave-Maria, porque agora morreu um
Santo. Ah! como fogem os demônios à presença de Nossa Senhora! Se na hora da
morte tivermos Maria a nosso favor, que poderemos recear de todo o inferno?
Reanimava-se Davi para as terríveis angústias da sua morte, pondo sua confiança
na morte do futuro Redentor e na intercessão da Virgem Mãe. “Pois ainda quando
andar no meio da sombra da morte, não temerei males; porquanto tu estás comigo.
A tua vara e o teu báculo, eles me consolam” (Sl 22,4-5). Pelo báculo entende o
Cardeal Hugo o lenho da cruz e pela vara a intercessão de Maria, que foi a vara
profetizada por Isaías (11,1). Esta divina Mãe, diz S. Pedro Damião, é aquela
poderosa vara que vence todas as violências dos inimigos infernais. Anima-se
por isso S. Antonino, dizendo: Se Maria é por nós, quem será contra nós? –
Estando à morte o Padre Manuel Padial, da Companhia de Jesus, apareceu-lhe
Maria, que, para consolá-lo, lhe disse: Eis, finalmente, chegada a hora em que
os anjos, congratulando-se contigo, vão dizer: Ó felizes trabalhos, ó bem
recompensadas mortificações! E nisso foi visto um bando de demônios que, desesperados,
fugiam, gritando: Ai! que nada podemos, porque aquela que não tem mancha o
defende! Da mesma forma o Padre Gaspar Hay wood foi assaltado por uma grande
tentação contra a fé. Encomendou-se, porém, sem demora à Virgem Santíssima e ouviram-no
exclamar: Sinceros agradecimentos, ó Maria, porque me viestes ajudar. Como
assevera Conrado de Saxônia, a Santíssima Virgem, em defesa dos fiéis
moribundos, manda o príncipe S. Miguel com todos os seus anjos, para protegê-los
contra as tentações do demônio e lhes receber as almas, com especialidade as
daqueles seus servos que se recomendaram continuamente a ela. (Santo Afonso de
Ligório)
Oração:
Ó minha Mãe suavíssima,
qual será a morte de um pobre pecador como eu? Quando penso naquele terrível
momento em que hei de expirar e comparecer ao tribunal divino, tremo e fico
todo confuso, e muito duvido da minha salvação eterna, lembrando-me de que eu
mesmo escrevi a sentença de minha condenação. Ó Maria, no sangue de Jesus e na
vossa intercessão ponho toda a minha esperança. Sois Rainha do céu, a Soberana
do universo, numa palavra, sois Mãe de Deus. É verdade que sois muito elevada
em dignidade; mas vossa grandeza não vos afasta de nós, senão que faz com que
tenhais ainda mais compaixão de nossas misérias. Quando elevados a alguma dignidade,
abandonam os amigos do mundo e desprezam seus antigos companheiros no
infortúnio. Mas vosso coração tão amoroso não procede assim. Mas se empenha em
aliviar, onde maiores misérias descobre. Assim que vos invocamos, vindes em
nosso socorro: prevenis até nossas preces com vossos favores. Vós nos consolais
nas aflições, dissipais as tempestades e venceis os inimigos. Em suma, nunca
perdeis ensejo de trabalhar para nosso bem. Bendita seja para sempre aquela
divina mão que em vós aliou a tanto amor tanta grandeza, tanta majestade e
tanta ternura. Agradeço-o sem cessar ao Senhor e sobre isso me alegro. Pois em
vossa felicidade encontro a minha também e considero minha a vossa ventura. Ó
consoladora dos aflitos, consolai uma alma aflita que a vós se recomenda.
Aflito estou por causa dos remorsos de uma consciência tão sobrecarregada de
pecados. Não sei se os tenho chorado como devia. Vejo todas as minhas obras cheias
de defeitos e manchas. O inferno só espera por minha morte para acusar-me; a
justiça divina ultrajada quer ser satisfeita. Que será de mim, minha Mãe? Se não
me ajudardes, estou perdido. Que dizeis, quereis ajudar-me? Ó Virgem piedosa,
consolai-me; obtende-me verdadeiro arrependimento de meus pecados, alcançai-me
força para emendar-me e ser fiel a Deus nos dias que ainda me restam. E quando
eu me achar nas ânsias da morte, ó Maria, esperança minha, não me abandoneis.
Então, fortalecei-me mais do que nunca e assisti-me para que, à vista de meus
pecados relembrados pelo demônio, eu não me entregue ao desespero. Ó Senhora
minha, escusai tanta ousadia: vinde vós mesma consolar-me com a vossa presença.
A tantos outros já tendes feito semelhante graça. Fazei-a também a mim. Se
grande é minha ousadia, ainda maior é vossa bondade, que anda procurando os
infelizes para os consolar. É nesta que eu ponho minha esperança. Seja vossa
eterna glória o haverdes salvo do inferno e conduzido ao vosso reino um pobre
condenado. Lá espero depois consolar-me, estando sempre aos vossos pés,
dando-vos graça, louvando-vos e amando-vos eternamente. Ó Maria, eu espero em
vós; não me deixeis ficar desconsolado. Assim seja, assim seja. Amém.
-Pedir
a graça que deseja alcançar e rezar o Santo Terço ou Rosário-
Votos:
- Rezar o ofício da Imaculada Conceição;
- Não reclamar, nem murmurar;
Salve Maria Imaculada!
0 comentários