Dia 9: Nosso amor para com Maria!
Meditação:
Feliz,
feliz aquele que vos ama, ó Maria, Mãe dulcíssima! S. João Berchmans, da
Companhia de Jesus, costumava dizer: Se amo a Maria, estou certo da minha
perseverança e de Deus obtenho tudo o que quiser. Renovava por isso sem cessar
este propósito: Quero amar a Maria, quero amá-la sempre. Dizia-o seguidamente,
a sós e baixinho. – Oh! como esta boa Mãe excede em amor a todos os seus
filhos! Amem-na estes quanto puderem, sempre serão vencidos pelo amor que lhes
consagra Maria, observa Pseudo-Inácio, mártir. Cheguem a amá-la como um S.
Estanislau Kostka, tão terno em seu amor para com esta Mãe. Dela falando,
abrasava os corações de quantos o ouviam. Imaginaram-se novos títulos e novas
palavras em seu louvor. Não começava trabalho algum, sem primeiro pedir-lhe a
bênção voltada para algumas de suas imagens. Ao recitar o ofício, o rosário, ou
outras orações em sua honra, com tanta cordialidade o fazia, como se estivesse
falando com a Virgem, face a face. Os sons da Salve-Rainha, afogueavam-lhe as
faces em santo amor. Visitando certa vez com um padre jesuíta uma imagem da
Santíssima Virgem, perguntou-lhe o companheiro se também a amava. – Ó meu padre
– respondeu o Santo –, que mais posso dizer-vos? É minha Mãe! E tanta ternura
notava-se então, diz o padre, na sua voz e no seu semblante, que parecia menos
um jovem do que um anjo a falar do amor de Maria Santíssima. Cheguem a amá-la
como um Beato Hermano, que a chamava de esposa amada e por Maria em retorno foi
honrado com o título de esposo; como um S. Filipe Néri, a quem só o pensar em
Maria já consolava, e por isso chamava-lhe suas delícias. Que a amem como um S.
Boaventura, o qual, para testemunhar-lhe a ternura de seu afeto, não só a
chamava de Senhora e Mãe, senão também de seu coração e de sua alma. Abrasado
em santo amor, dizia-se até roubadora dos corações. “Pois não roubaste meu
coração, minha boa Mãe?”, perguntava-lhe então. Chamem-na de sua namorada, como
um S. Bernardino de Sena. Todos os dias ia visitar-lhe uma das imagens devotas,
para em ternos colóquios entreter-se com a sua Rainha. Se lhe perguntavam aonde
ia diariamente, respondia andar visitando sua namorada. Cheguem a querê-la tal
como um S. Luís Gonzaga, tão abrasado em seu amor que, em lhe ouvindo
pronunciar o nome, tinha do amor as chamas no coração e os rubores na face. Por
que não amá-la como um S. Francisco Solano? Em santa simplicidade (que ao mundo
parece loucura) punha-se ele a cantar, ao som de um instrumento de música,
diante de alguma imagem da Senhora. Alegava que, a exemplo dos apaixonados no
mundo, queria fazer “uma serenata” à sua diletíssima Rainha. Tenham-lhe a mesma
ternura de amor com que a têm amado tantos de seus servos, que já nem sabiam o
que mais fazer como prova do muito que lhe bem-queriam. Jerônimo de Trexo,
padre da Companhia de Jesus, exultava de júbilo ao chamar-se escravo de Maria.
Em sinal desta escravidão ia visitá-la muitas vezes em algumas de suas igrejas.
Em chegando à igreja, primeiramente derramava lágrimas de um terno amor à
Virgem. Depois beijava o pavimento muitas e muitas vezes, com grande amor,
considerando que aquela era a casa da sua Senhora. Seu confrade, Padre Diogo
Martínez, que pela devoção a Maria Santíssima nas suas festas era levado em
espírito ao céu pelos anjos, para ver com quanta honra eram elas aí celebradas,
este dizia: Desejara ter todos os corações dos anjos e dos santos para com eles
amar a Maria; desejara ter as vidas de todos os homens para oferecê-las todas
ao amor de Maria. Amem-na como um Carlos, filho de S. Brígida. Nada o consolava
tanto neste mundo – dizia – como saber que Maria era tão amada por Deus.
Acentuava que de bom grado sofreria todos os tormentos, para impedir que
perdesse Maria um só grau de sua grandeza. Que, caso lhe pertencera a grandeza
da Virgem Santíssima, a tudo renunciaria por ser ela sumamente mais digna do
que ele. Desejem também dar a vida em protestação do seu amor para com Maria, como
desejava Afonso Rodríguez. Cheguem finalmente a esculpir-se com agudos ferros
sobre o peito o nome amável de Maria, como fizeram Francisco Binânzio,
religioso, e Radegundes, esposa do rei Clotário. Cheguem também com ferros em
brasa a imprimir sobre a carne o mesmo nome, para que se conserve mais impresso
e mais durável. Levados por amor, assim fizeram os servos de Maria: Batista
Arquinto e Agostinho de Espinosa, ambos da Companhia de Jesus. Façam, pois, ou
procurem fazer quanto é possível a um esposo amante que pretende, quanto pode,
dar a conhecer o seu afeto à esposa querida, jamais conseguirão amar a Maria
tanto quanto ela os ama. Sei, ó minha Rainha, exclama S. Pedro Damião, que de
quanto vos amam sois a mais amante, e que vosso amor por nós não se deixa
vencer por nenhum outro amor. Estava uma vez ao pé de uma imagem de Maria o
Venerável Afonso Rodríguez, da Companhia de Jesus. Abrasado de amor para com a
Virgem Santíssima, lhe disse: Minha Mãe amabilíssima, bem sei que vós me amais;
mas vós não me quereis tanto quanto eu vos amo. Então, Maria, como que ofendida
em seu amor, lhe respondeu: Que dizes, Afonso, que dizes? Oh! quanto é maior o
meu amor por ti do que o teu por mim! Sabe, lhe disse, que do meu amor ao teu
há mais distância que do céu à terra. Tem, pois, razão S. Boaventura ao
exclamar: bem-aventurados aqueles que têm a dita de ser fiéis servos e amantes
desta Mãe amantíssima! Sim, porque esta gratíssima Rainha não admite que em
amor a vençam os seus devotos servidores. Maria, imitando nisto a Nosso Senhor
Jesus Cristo, com seus benefícios e favores dá a quem a ama o seu amor
duplicado. Exclamarei, pois, com o inflamado S. Anselmo: Sempre arda por vós o
meu coração, e toda a minha alma se consuma no vosso amor, ó Jesus, meu amado
Salvador, ó Maria, minha amada Mãe. Concedei, pois, ó Jesus e Maria, a graça de
amar-vos, já que sem a vossa graça não posso fazê-lo. Concedei à minha alma
pelos vossos merecimentos, não pelos meus, que eu vos ame quanto vós mereceis.
Ó Deus tão amante dos homens, vós pudestes morrer pelos vossos inimigos. E a
quem vo-la pede, poderíeis negar a graça de amar a vós e a vossa Mãe? (Santo
Afonso de Ligório)
Oração:
Ó doce Soberana, vós, conforme a expressão de S. Boaventura, arrebatais os corações dos que vos servem, cumulando-os de vossa ternura e liberalidade. Eu vos suplico: arrebatai-me também o meu pobre coração que muito deseja amar-vos. Pela vossa beleza, ó minha Mãe, atraístes o vosso Deus, ao ponto de fazê-lo descer do céu à terra; e eu viverei sem vos amar? Não; antes vos digo com vosso amante filho João Berchmans: “Não me darei repouso, enquanto não tiver obtido amor terno e constante a vós, ó minha Mãe”, que com tanta ternura me tendes amado, ainda quando eu não vos amava. E que seria de mim, se vós, ó Maria, não me tivésseis amado e alcançado tantas misericórdias? Se, pois, me amastes quando eu não a amava, que devo esperar da vossa bondade agora que vos amo? Sim, amo-vos, ó minha Mãe, e quisera ter um coração capaz de vos amar por todos os infelizes que não vos amam. Quisera ter uma língua capaz de louvar-vos por mil línguas, para fazer conhecer a todo mundo a vossa grandeza, a vossa santidade, a vossa misericórdia, e o amor com que amais os que vos amam. Se tivera riquezas, todas quisera empregar em vos honrar; se tivera súditos, todos quisera fossem cheios de amor para convosco; quisera enfim sacrificar pelo vosso amor e glória, se fosse mister, até a minha vida! – Amo-vos, pois, ó minha Mãe; mas ao mesmo tempo receio que vos não ame, porque ouço dizer que o amor faz os que amam semelhantes à pessoa amada. Devo então crer que bem pouco vos amo, vendo-me tão longe de parecer convosco. Vós sois tão pura, eu tão imundo! Vós tão humilde, eu tão soberbo! Vós tão santa, eu tão mau! Mas isto, ó Maria, é o que vós haveis de fazer: já que me tendes tanto amor, tornai-me semelhante a vós. Para mudar os corações, tendes todo o poder; tomais, pois, o meu e mudai-o. Conheça o mundo o que podeis em favor dos que amais. Tornai-me santo e fazei-me digno filho vosso. Assim espero, assim seja.
-Pedir
a graça que deseja alcançar e rezar o Santo Terço ou Rosário-
Votos:
- Ato de caridade;
- Fazer exame de consciência;
"Todos cantam o teu louvor,
A todos dás o teu amor,
Ó terna Mãe do meu
Senhor.”
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