Dia 21: Maria segura esperança para os pecadores!
Meditação:
É
Maria comparada ao plátano: Eu cresci como o plátano (Eclo 24,14). A isso bem
atendam os pecadores. O plátano oferece agasalho ao viandante que em sua sombra
pode repousar, livre dos raios do sol. Também Maria, quando vê acesa contra
eles a ira da divina justiça, os convida a refugiarem-se à sombra da sua
proteção. Lamentava-se o profeta Isaías em seu tempo, dizendo: “Eis aí está que
tu te iraste, Senhor, porque nós pecamos...; não há quem se levante e te detenha”
(64, 5, 7). Senhor, estais justamente irado contra os pecadores, queria ele
dizer; não há quem por nós vos possa aplacar. Assim gemia o profeta, diz Conrado
de Saxônia, porque então Maria ainda não era nascida. Mas agora, se Deus está
irado contra qualquer pecador e Maria toma à sua conta protegê-lo, ela detém o
Filho, para que não o castigue, e salva-o. Ninguém há, continua Conrado, mais
apto do que ela para suspender a espada da divina justiça, para que não descarregue
o golpe sobre os pecadores. Sobre este mesmo pensamento, diz Ricardo de S.
Lourenço que Deus, antes de no mundo existir Maria, se queixava de não haver
quem o impedisse de punir os pecadores; mas agora é Maria quem o aplaca. Ó
pecador – exclama Basílio de Seleucia –, não percas a confiança, mas recorre a
Maria em todas as necessidades; chama-a em teu socorro, pois a encontrarás
sempre pronta para te valer, porque é vontade de Deus que ela nos valha em
todos os nossos apuros. Tem esta Mãe de Misericórdia mui vivo desejo de salvar
os pobres pecadores. Por isso vai pessoalmente em busca deles para os ajudar e
sabe como reconciliá-los com Deus, se a ela recorrem. Desejava Isaac comer
alguma caça e prometeu a Esaú que o abençoaria, se lha trouxesse. Mas Rebeca
queria que essa bênção coubesse a Jacó, outro filho seu. Mandou-o por isso
buscar dois cabritos e guisou-os ao gosto de Isaac (Gn 27,9). Os cabritos são
uma imagem dos pecadores, e Rebeca, segundo S. Antonio, é figura de Maria.
Trazei-me os pecadores, diz a Senhora aos anjos, quero prepará-los, obtendo-lhes
contrição e bom propósito, para que se tornem dignos e agradáveis a meu Senhor.
Revelou a própria Virgem Santíssima a S. Brígida que não há no mundo pecador
tão inimizado com Deus, que se não converta e recupere a divina graça, se a
invocar e a ela recorrer. Certo dia a mesma santa ouviu Jesus Cristo dizer a
sua Mãe que ela estaria pronta a obter a divina graça até mesmo a Lúcifer, caso
este se humilhasse e implorasse seu auxílio. Jamais aquele espírito soberbo
saberá humilhar-se para impetrar o socorro de Maria. Fora isso, entretanto,
possível, dele tivera a Virgem piedade, e o poder de suas preces lhe obtivera
perdão e salvação. Mas o que não é possível a respeito do demônio acontece com
os pecadores que se dirigem a esta compassiva Mãe. Figura foi de Maria a arca
de Noé. Pois como nela acharam abrigo todos os animais da terra, igualmente sob
o manto de Maria encontraram refúgio todos os pecadores, cujos vícios e pecados
sensuais os tornam semelhantes aos brutos. Há esta diferença, entretanto, observa
Pacciucchelli: na arca entraram os brutos e brutos ficaram. O lobo ficou sendo
lobo e o tigre ficou sendo tigre. Mas debaixo do manto de Maria o lobo é mudado
em cordeiro e o tigre em pomba. Um dia viu S. Gertrudes a Maria com o manto
aberto e debaixo dele muitas feras de diversas espécies: leopardos, ursos etc.
Viu também que a Virgem não só os afugentava, mas antes docemente os recebia e
afagava. Entendeu a Santa que eles figuravam os míseros pecadores, acolhidos
por Maria com afável amor, quando a ela recorrem. Razão sobejava, pois, a
Egídio de Schoenau ao dizer à Santíssima Virgem: “Senhora, não detestais a
nenhum pecador, por mais asqueroso e abominável que seja. Se ele implora vossa
proteção, nunca deixais de estender-lhe compassiva mão para arrancá-lo do
abismo do desespero”. Bendito e para sempre louvado seja Deus, que vos fez, ó
Maria amabilíssima, tão compassiva e tão benigna até para com os mais
miseráveis! Infeliz de quem não vos ama, e que podendo recorrer a vós, em vós
não confia! Perde-se quem a Maria não recorre, mas quem jamais se perdeu,
depois de implorá-la? (Santo Afonso de Ligório)
Oração:
Venero, ó Santíssima Virgem Maria, o
vosso puríssimo Coração, delícia e repouso de Deus. Coração todo cheio de
humildade, de pureza e de amor divino. Infeliz pecador, venho a vós com o coração
todo manchado e chagado. Ó Mãe de piedade, não me desprezeis por me verdes
assim, mas redobrai de compaixão e socorrei-me. Não busqueis em mim para
ajudar-me nem virtude, nem méritos. Estou perdido e só mereço o inferno. Peço-vos
que só olheis para a confiança que tenho em vós e para o propósito em que estou
de emendar-me. Diante de vossos olhos coloco o quanto Jesus fez e padeceu por
mim. Abandonai-me, se fordes capaz. Apresento-vos todos os sofrimentos de sua
vida, o frio que padeceu no presépio, a sua fuga para o Egito, o sangue que
derramou, a pobreza, os suores, a tristeza, a morte que suportou por meu amor,
estando vós presente. E por amor de Jesus empenhai-vos em salvar-me. Ah! minha
Mãe, não quero nem posso recear ser repelido, agora que recorro a vós e vos peço
que me ajudeis. Se isto temesse, faria injúria a vossa misericórdia, que anda
buscando miseráveis para os socorrer. Senhora, não recuseis vossa piedade àquele
a quem Jesus não recusou seu sangue. Mas os merecimentos deste sangue não me
serão aplicados, se não me recomendardes a Deus. De vós, pois, espero a minha
salvação. E não vos peço riquezas, honras, nem outros bens da terra; peço-vos a
graça de Deus, o amor para com vosso Filho, o cumprimento de sua vontade, e o
paraíso para amá-lo eternamente. Será possível que não me ouçais? Não; vós já
me entendestes, assim espero. Já me procurastes a graça que pretendo. Já me
tomastes sob vossa proteção. Minha mãe, não me deixeis; continuai a rogar por
mim até me verdes salvo no céu, para louvar e render-vos as devidas graças
eternamente. Amém.
-Pedir
a graça que deseja alcançar e rezar o Santo Terço ou Rosário-
Votos:
- Não assistir televisão;
- Ler sobre a vida de um santo;
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