Dia 11: Efeitos do amor de Maria!
Meditação:
Suponhamos
que uma mãe soubesse que dois filhos seus eram inimigos mortais, intentando um
tirar a vida do outro. Em tal conjuntura não seria dever de uma boa mãe
procurar encarecidamente como pacificá-los? Assim pergunta Conrado de Saxônia.
Ora, Maria é Mãe de Jesus e Mãe dos homens. Aflige-se quando vê um pecador
inimizado com Jesus e tudo faz por reconciliá-lo com seu divino Filho. Do
pecador só exige a benigníssima Rainha que se recomende a ela e tenha o
propósito de emendar-se. Em o vendo a seus pés a implorar-lhe perdão, não olha
para o peso de seus pecados, mas para a intenção com que se apresenta. Se esta
é boa, mesmo que o pobre haja cometido todos os pecados do mundo, abraça-o e
como terna Mãe não desdenha curar-lhe as chagas que na alma traz. Pois é Mãe de
Misericórdia, não só de nome, senão de fato, e em verdade tal se mostra pela
ternura e pelo amor com que nos socorre. A própria Virgem Santíssima assim o
revelou a S. Brígida. “Por mais culpado que seja um homem, disse-lhe, se vem a
mim com sincero arrependimento, estou sempre pronta a acolhê-lo. Não considero
a enormidade de suas faltas, mas tão somente as disposições do seu coração. Não
recuso ungir e curar as suas feridas, porque me chamo e realmente sou Mãe de
Misericórdia.” É Maria a Mãe dos pecadores que se querem converter. Como tal
não pode deixar de compadecer-se deles. Parece até que sente como próprios os males
de seus pobres filhos. A cananeia, ao pedir que o Senhor lhe livrasse a filha do
demônio que a atormentava, disse-lhe: Senhor, filho de Davi, tem compaixão de
mim; minha filha está muito atormentada do demônio (Mt 15, 22). Mas se a filha,
e não a mãe, era atormentada do demônio, parece que havia de dizer: Senhor, tem
piedade de minha filha! Mas não; ela disse: tem compaixão de mim e com muita
razão. Pois sentem as mães como próprios os sofrimentos dos filhos. Ora, do
mesmo modo, disse Ricardo de S. Lourenço, pede Maria a Deus, quando intercede
por qualquer pecador que a ela recorre. Pede-lhe que dela se compadeça. Meu
Senhor – parece dizer-lhe – esta pobre alma, que está em pecado, é minha alma;
por isso compadecei-vos não tanto dela, como de mim, que sou sua mãe. Oh!
prouvesse a Deus que todos os pecadores recorressem a esta doce Mãe, porque
todos certamente receberiam do Senhor o perdão! − Ó Maria, exclama admirado
Conrado de Saxônia, tu acolhes maternalmente o pecador desprezado por todo
mundo, nem o abandonas antes que o hajas reconciliado com o juiz. Quer ele
dizer: Enquanto o pecador perseverar no seu pecado, é aborrecido e desprezado
de todos; até as criaturas insensíveis, o fogo, o ar, a terra, quereriam
castigá-lo em desafronta à honra do seu Criador ultrajado. Porém, se este
pecador miserável recorrer a Maria, expulsa-o Maria? Não; se vem com intenção
de que o ajude a fim de emendar-se, ela o acolhe com maternal afeto. Não o
deixa, sem primeiro, com a sua poderosa intercessão, reconciliá-lo com Deus e o
reconduzir à sua graça. No Segundo Livro dos Reis (14,5) lemos o que se deu com
a sábia mulher de Técua. Disse ela a Davi: “Senhor, tinha tua serva dois
filhos; para minha desventura um matou o outro; e assim perdi um filho. Quer
agora a justiça tirar-me o outro, que é o único que me fica. Tem compaixão
desta pobre mãe e não permitas que eu perca ambos os filhos”. Então Davi,
compadecendo-se da mãe, libertou o delinquente e lho entregou. – O mesmo parece
que diz Maria, quando vê a Deus irado com algum pecador que a ela recorre. “Meu
Deus, lhe diz, eu tinha dois filhos, Jesus e o homem; o homem matou na cruz o
meu Jesus; agora a vossa justiça quer condenar o homem. Senhor, já morreu o meu
Jesus; tende compaixão de mim. Se eu perdi um, não me façais perder também o
outro filho.” Certamente Deus não condena os pecadores que recorrem a Maria e
por quem ela intercede. Pois o próprio Deus recomendou os pecadores por filhos
de Maria. O devoto Landspérgio põe as seguintes palavras nos lábios do Senhor:
“Eu recomendei a Maria de aceitar por filhos os pecadores. Por isso ela é toda desvelos
para que, no desempenho de sua missão, não lhe aconteça perder a nenhum dos que
lhe foram entregues, principalmente quando a invocam. E assim esforça-se o
quanto pode em conduzir todos eles a mim”. Quem pode explicar, interroga
Blósio, a bondade e misericórdia, a fidelidade e a caridade com que esta nossa
Mãe procura salvar-nos, quando lhe pedimos que nos ajude? Prostremo-nos, pois,
diz S. Bernardo, diante desta boa Mãe; abracemo-nos os seus sagrados pés e não
a deixemos sem nos abençoar e sem nos receber por filhos seus. Nela esperarei,
exclama S. Boaventura, ainda que me dê a morte; e cheio de confiança desejo
morrer perante uma de suas imagens, e salvo estarei. Portanto, assim devem
dizer todos os pecadores, que recorrem a esta piedosa Mãe: Minha Senhora e
minha Mãe, por minhas culpas mereço ser repelido, e castigado por vós na
proporção delas. Mas, ainda que me rejeiteis e me tireis a vida, não perderei
nunca a confiança, e se tiver a felicidade de morrer na presença de qualquer
imagem vossa, recomendando-me à vossa misericórdia, espero certamente que não
me hei de perder, mas hei de louvar-vos no céu em companhia de tantos que vos
serviram e morreram invocando vossa poderosa intercessão. (Santo Afonso de
Ligório)
Oração:
Mãe digníssima de meu
Deus e Soberana minha, Maria, vendo-me tão desprezível e carregado de pecados,
não devia ter a ousadia de chegar-me a vós e chamar-vos minha Mãe. Não quero,
porém, que as minhas misérias me privem da consolação e da confiança que sinto,
dando-vos este doce nome. Verdade é que mereço me rejeites, mas vos peço
considereis o que fez e sofreu por mim o vosso Filho Jesus. Depois rejeitai-me,
se o podeis. Sou miserável pecador, mais do que os outros ultrajei a majestade
divina. Ai! o mal está feito; a vós que o podeis remediar imploro agora: Vinde em
meu socorro, ó minha Mãe. Não me alegueis que não vos é possível ajudar-me, porque
sei que sois onipotente e do vosso Deus conseguis tudo quanto desejais. Se me
respondeis que não quereis socorrer-me, dizei-me ao menos a quem me devo
dirigir para ser consolado no excesso de minha angústia. Apadrinhando-me com S.
Anselmo, ouso dizer a vós e a vosso divino Filho: Ou apiedai-vos de mim,
dulcíssimo Redentor meu, perdoando-me, e vós, também, ó minha Mãe, intercedendo
em meu favor; ou, mostrai-me a quem devo recorrer, que seja mais poderoso do
que vós, e em quem eu possa confiar mais. Mas não; nem na terra, nem no céu
posso achar quem tenha dos miseráveis mais compaixão que vós, ou quem melhor
possa ajudar-me. Vós, Jesus, sois o meu Pai; e vós, Maria, sois a minha Mãe.
Vós amais até aos mais miseráveis e ides à procura deles para salvá-lo. Eu sou
um réu do inferno, o mais indigno de todos. Mas não é necessário ir à minha
procura, nem eu pretendo que o façais. Apresento-me espontaneamente a vós, com
esperança certa de que não me haveis de desamparar. Aqui estou aos vossos pés,
meu Jesus, perdoai-me. Maria, minha Mãe, socorrei-me.
-Pedir
a graça que deseja alcançar e rezar o Santo Terço ou Rosário-
Votos:
Não
comer doce;
0 comentários