Santa Gianna: a mártir do amor materno!
Santa
Gianna Beretta Molla: a mártir do amor materno
“Esta
santa mãe de família manteve-se heroicamente fiel ao compromisso assumido no
dia do matrimônio. O sacrifício eterno que selou a sua vida dá testemunho de
que somente quem tem a coragem de se entregar totalmente a Deus e aos irmãos se
realiza a si mesmo.” São João Paulo II (na canonização de S. Gianna)
Hoje (28
de abril), celebramos a festa de Santa Gianna Beretta Molla e é com muitíssima
devoção que vou partilhar um pouco da história dessa santa que foi uma mãe,
esposa e médica extraordinária, conhecida como a mártir do amor materno. Um
verdadeiro exemplo de maternidade e feminilidade a ser seguido atualmente.
Santa Gianna nasceu em 04 de outubro de 1922, na Itália em Magenta. De uma
família númerosa e católica, santa Gianna foi a décima filha de treze filhos.
Família
Missionária
Três de
seus irmãos, Enrico, Giuseppe e Virginia, optaram pela vida religiosa. Enrico
pertenceu à Ordem dos Frades Menores Capuchinos e veio ser missionário no
Brasil, nesta mesma época, o irmão convidou a santa para acompanha-lo, esse
convite a deixou em dúvida sobre sua vocação, antes de responder a essa convite
ela rezou e pediu a Deus que lhe dissesse onde o queria, logo depois, conheceu
Pietro Molla que se tornou seu esposo. Seu irmão Giuseppe tornou-se sacerdote
na diocese italiana de Bérgamo. Virginia sua irmã, foi religiosa na congregação
das Filhas da Caridade Canossianas, a irmã disse uma vez que enquanto estava na
Índia como missionária, “de forma inesperada e providencial”, o Senhor a fez
voltar para Itália a tempo de ver Gianna, quatro dias antes de sua morte, a
irmã pode ajudá-la e confortá-la naqueles momentos tão dolorosos e preciosos
aos olhos de Deus.
Chamado
De sólida
formação religiosa e coração bondoso, Santa Gianna, logo se colocou a serviço
da Igreja, fazia parte de um grupo chamado: Ação Católica da Conferência de São
Vicente de Paulo. Em 1949 na Universidade de Pavia obteve o título de doutora
em medicina e cirurgia e especializou-se em pediatria na Universidade de Milão,
em 1952. Segundo a sua biografia, ela “preferia” os pobres, as mulheres
grávidas, as crianças e os idosos entre seus pacientes. Chamada de a “médica
dos pobres” dizia:
“Não
esqueçamos que no corpo de nossos pacientes existe uma alma imortal. Sejamos
honestos e médicos de fé.” Santa Gianna Beretta Molla
Santa
Gianna viveu alguns anos na incerteza da escolha de seu estado de vida. Então
rezava muito, pedia orações e conselhos, sofria. Passou por grande perturbação
interior na elaboração do projeto de vida, na busca de discernir a vontade de
Deus. Para ela parecia que o próprio Deus confundia projetos, desejos e sonhos.
Sentia-se chamada por Deus, mas quando ia realizar nada dava certo. Em suas
anotações, indicava três meios para descobrir a própria vocação:
1. Interrogar
o céu com a oração;
2. Interrogar
o diretor espiritual;
3. Interrogar
a nós mesmos conhecendo nossas inclinações;
Devoção a Virgem
Maria
Santa
Gianna foi muito devota de Nossa Senhora. Quando sua mãe morreu, ela disse a
Mãe Santíssima: "Confio em vós, doce mãe, e tenho certeza de que
nunca me abandonareis". Ela propagava a devoção a Nossa Senhora para as
jovens da Ação Católica e para onde ia. Em sua biografia diz que no dia do seu
casamento "doou seu buquê de flores ao altar da Virgem Maria da qual era
muito devota".
“O
problema do nosso porvir, não devemos solucioná-lo quando temos apenas 15 anos,
mas é melhor orientar toda a vida para aquela via na qual o Senhor nos quer,
porque nossa felicidade terrena e a eterna dependem de viver bem a nossa
vocação.” Santa Gianna Beretta Molla
Em 08 de
dezembro de 1954, na Festa da Imaculada Conceição, celebrava-se a festa de
ordenação sacerdotal de Frei Lino Garavaglia. Tanto Pietro, quanto Gianna foram
convidados para a Santa Missa e para o almoço. Pietro a escreveu no dia
seguinte:
“Recordo-me
de ti quando, com teu sorriso largo e gentil, saudavas o Frei Lino e os seus
parentes; recordo-me quando fazias devotamente o Sinal da Cruz antes do café;
recordo-me ainda quando estavas em oração durante a bênção do Santíssimo
Sacramento.”
Aos pés de
Nossa Senhora de Lourdes, em junho de 1954, Santa Gianna havia compreendido
qual era a sua vocação, e naquela festa da Virgem Imaculada, Pietro compreendia
então, o projeto de Deus para sua vida. Ele registrou em seu diário:
“Sinto a
serena tranquilidade que me dá a certeza de ter tido ontem um ótimo encontro. A
Imaculada Conceição me abençoou”.
Durante o
noivado e casamento trocaram cartas de amor, em uma delas Pietro disse:
“Quanto
mais conheço Gianna, mais tenho a certeza de que melhor encontro Deus não podia
oferecer-me”
Santa
Gianna respondeu:
“Desejo
fazer-te feliz e ser a boa esposa que tu desejas: compreensiva e pronta para os
sacrifícios que a vida nos pedirá. Penso em doar-me totalmente para formar uma
família verdadeiramente Cristã. É verdade que teremos que enfrentar dores e
sacrifícios, mas se desejarmos sempre um o bem do outro, com a ajuda de Deus
venceremos todos os obstáculos”.
Em 1955 no dia 24 de setembro
Santa Gianna e Pietro Molla receberam o sacramento do matrimônio. Prepararam-se
espiritualmente para esse momento com Santa Missa e Comunhão diária. A fé foi a
base do amor entre os dois e os fortaleceu para que com coragem enfrentarem
todos os desafios e sacrifícios da vida matrimonial. Em uma de suas cartas
Santa Gianna conta que o dia do casal começava com a Santa Missa e terminava
com o Santo Rosário.
“O amor é
o sentimento mais bonito que o Senhor colocou na alma dos homens.” Santa Gianna
O amor à
maternidade
Sentia um
profundo amor à maternidade. Aceitou os inevitáveis sacrifícios da vida
familiar sem nunca apagar o seu sorriso de bondade, paciência e generosidade.
Santa Gianna não renunciou à sua profissão de médica, cuidava eximiamente dos
afazeres da casa, mostrando-se excelente cozinheira, continuava a atender seus
pacientes, oferecia assistência médica gratuita no jardim da infância e na
escola primária. Seus dotes consistiam em ser coerente e consciente com seus
deveres e obrigações. Fazia frutificar todo seu trabalho, em casa, na sua
profissão e em sua paróquia, com harmonia e simplicidade. A finalidade primeira
do matrimônio era a formação de uma família numerosa e santa, em uma carta à
sua irmã dizia: “Peça ao Senhor que me mande logo tanto filhos bons e
santos”.
O bom
Deus, não tardou em ouvir suas preces, em 1956, nasceu Pedro Luis, Mariolina em
1957 e Laura em 1959. Três filhos em menos de quatro anos de matrimônio, todos
com gravidez muito difícil. No entanto, Santa Gianna sabia que a maternidade e
o sacrifício eram realidades inseparáveis e acreditava que ser mulher era ser
mãe, vivia a maternidade como uma oblação.
“Toda
vocação é vocação à maternidade, espiritual e moral, e preparar-se significa
estar pronto para ser doadores de vida, e se na luta pela nossa vocação
tivéssemos que morrer, aquele seria o dia mais bonito da nossa vida.” Santa
Gianna (aos 18 anos de idade)
Holocausto
de amor
Depois de
três dolorosas gravidezes, no segundo mês de gestação de sua quarta filha
(Gianna Emanuela), é descoberto um tumor (fibroma) no útero. Os médicos lhe
deram três opções: um aborto, uma histerectomia total (que também mataria seu
bebê) ou uma remoção cirúrgica apenas do tumor (com poucas chances de sucesso).
Fiel aos seus princípios morais e religiosos decidiu, sem hesitar, que os
médicos se preocupassem em primeiro lugar com a salvação da vida da criança.
Naquele mesmo mês ela é operada. Entregue à Divina Providência encontra sucesso
em sua cirurgia e vive os sete messes seguintes com admirável força de espírito
aguardando o nascimento da filha.
“Se
deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei- e isto o
exijo- a criança. Salvai-a.Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará o
necessário para meus filhos.”
Em 1962
no dia 20 de abril, ela é internada para o parto. Era uma Sexta-feira Santa
onde a Igreja vive e recorda os mistérios do sacrifício de amor de Jesus na
Cruz e Santa Gianna se prepara para vivê-los. Pietro Molla em nenhum momento
saiu do lado de sua santa esposa. O fruto desse amor heroico nasce no Sábado
Santo e recebe o nome de Gianna Emanuela. Durante aquele momento, os médicos
tentavam salvá-la a todo custo com antibióticos, soro, sondas, mas tudo em vão.
Santa Gianna, ainda lúcida solicita e recebe a Extrema-Unção e a Santa Comunhão
pela última vez. Sua irmã Virginia, chega da Índia e ainda consegue se despedir
de Santa Gianna. Vendo o Crucifixo, pede e diz: “Jesus, Te amo”.
No dia 28 de abril depois de muito sofrer, com 39 anos, falece Gianna Beretta
Molla.
“Senhor, que seja Tua Vontade. Amamos a Cruz e temos que refletir
que não a carregamos sozinhos(as), se não que é Jesus que nos ajuda a
carregá-la e que Nele somos capazes de fazê-lo, já que Ele nos dá a força
necessária para isso.” Santa Gianna Beretta Molla
Milagres
que levaram a beatificação e canonização
O
primeiro milagre tem relação com a sua família, seu irmão que veio para ser
missionário no Brasil, residia em Grajaú no Maranhão e construiu um hospital.
Em 1977, neste mesmo hospital, uma jovem chamada Lúcia Silva Cirilo, deu a luz
a uma criança morta e com complicações pós parto, sua vida corria grave risco.
As religiosas que trabalhavam no hospital intercederam por sua vida e logo, a
mãe foi curada de uma fístula.
O segundo
milagre que levou à canonização de Gianna, ocorreu em Franca,
São Paulo, no ano 2000, onde Elisabete
Comparini Arcolino teve sua bolsa rompida no quarto mês e foi
orientada pelos médicos a abortar.Dom Diógenes Matthes ao visitar
essa mãe, contou a história de Gianna. A mãe permaneceu então firme e
deci- dida a renunciar a própria vida em favor de sua filha. As
orações e a fé de Elisabete a conduziu ao nascimento de uma filha saudável.
Foi
canonizada em 2004, por outro santo, São João
Paulo II (Papa), e
recebeu essa honra
da Igreja Católica, pelo seu teste munho
de vida cristã e pelo seu ato de entrega
em favor da vida indefesa no útero
materno.
Mártir do
amor materno
Santa
Gianna considerada a mártir do amor materno, lutou heroicamente pela vida,
enfrentou os desafios da maternidade com alegria, cuidou de seu esposo com
fidelidade, trabalhou com humildade, serviu a Santa Igreja e amou. Ela é para
nós, mulheres e mães do séc. XXI, um verdadeiro exemplo de santidade e
dedicação ao matrimônio e a maternidade. Santa Gianna diz que todas as mulheres
são chamadas a maternidade, seja ela física ou espiritual. A mulher se realiza
no amor, na doação, no sacrifício diário e é nesse amor, nessa doação, nesse
sacrifício da maternidade que acontece o encontro com Deus. Santa Gianna é uma
esperança em nossos corações e a confirmação de que somos chamados à santidade,
em todos os estados de vida e assim como ela, somos também nós chamados a
defender a Vida.
“Esposa e
mãe, mulher comprometida no âmbito eclesial e civil, que fez resplandecer a
beleza e a alegria da fé, da esperança e da caridade”. Bento XVI
Oração
Ó Deus,
Amante da Vida, que doaste à Santa Gianna Beretta Molla responder com plena
generosidade à vocação cristã de esposa e mãe, concede também a mim (pessoa
para quem quer obter a Graça), por sua intercessão (fazer o pedido) e também
seguir fielmente os Teus Desígnios, para que resplandeça sempre nas nossas famílias
a Graça que consagra o amor eterno e à vida humana. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Teu Filho, que é Deus, e vive e reina Contigo na unidade do Espírito
Santo, por todos os séculos dos séculos. AMÉM.
Santa Gianna Beretta Molla, rogai por nós!
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